Agosto | 2020

O adjetivo comumente associado a essa ‘screwball comedy’ de Howard Hawks, outra vez trabalhando com Cary Grant – a dupla já havia feito o ótimo ‘Levada da Breca’|1938 –, é boba. Esse ‘boba’, diga-se, vem no melhor dos sentidos e com resultado insuspeito num olhar atento e bom humor. Uma farsa absurda e amalucada que, do mesmo modo como se entrega à loucura infantil da premissa [a trinca de roteirista tira o pé do freio, deixando uma certa anarquia conduzir o último terço do enredo], vai buscando uma reflexão acerca do verdadeiro sentido da juventude. Há quem encontre leituras mais ‘profundas’ e comentários ancestrais da natureza humana. O bobo, cuidado, costuma esconder bem o jogo. Ainda que Ginger Rogers faça o papel feminino principal, a sonsice ingênua [para quem?] de Marilyn Monroe é um tempero forte. O título em Portugal não hesita em apontar que ‘A Culpa Foi do Macaco’. Será mesmo?

* * * ½ Monteiro Júnior 02.08.20 - YouTube, flexibilização covid-19

Linklater [‘Boyhood’|2014] capta o caos emocional da protagonista sem tomar distância e observa como a família reverbera esse constante estado-limite. O marido de um jeito, a filha de outro. Por sinal é a filha, que romantiza a personalidade bipolar da mãe, quem narra o livro de Maria Semple. Algo que se repete na adaptação. Cate Blanchett magnetiza o material, mas isso não chega a ser novidade. Pena mesmo é a produção se perder por testar gêneros sem estrutura para tal. O meio bagunçado cairia como luva numa ‘screwball comedy’ contemporânea, caso isso fosse possível. A narrativa opta pela viagem redentora de reencontro pessoal, que nem chega a ter tempo para tanto, deslizando para o dramalhão apressado em simplificar as respostas no que poderia ter sido um ótimo estudo de personagem. A jovem Emma Nelson consegue a proeza de estrear no cinema disputando a atenção com uma diva.

* * ½ Monteiro Júnior 03.08.20 - Telecine Play, flexibilização covid-19

Arthur Penn usa o romance satírico de Thomas Berger não somente para lançar outra luz sobre a imagem do Velho Oeste estadunidense, mas também para fazer um comentário alegórico à Guerra do Vietnã. A inusitada jornada de um homem cambaleando entre duas culturas radicalmente opostas rende um dos pontapés do revisionismo do gênero western. Dustin Hoffman vai da juventude aos 121 anos do protagonista – inclusive, chegou a constar no Guinness Book – criado por índios Cheyenne [melhor: Seres Humanos], mas que sempre retorna ao convívio, nada acolhedor, dos brancos. Esse vai e vem motiva a adaptação do roteirista Calder Willingham para atravessar o período histórico com certo humor burlesco, do trágico ao cômico como parte do DNA narrativo. Além de visitar passagens notórias, como a Batalha de Little Bighorn [1876], o filme humaniza a cultura indígena, trazendo um índio gay e um chefe cujos poderes místicos são um tanto questionáveis. Interpretado por Chief Dan George, índio de fato fora da tela, chegou a ser indicado ao Oscar de ator coadjuvante. Seu discurso final ao resolver que ‘hoje é um bom dia para morrer’ é quase uma poesia. Em tempo, Chief Dan George, além de ator, era poeta – são dele os contemplativos versos de ‘My Heart Soars’.

* * * ½ Monteiro Júnior 05.08.20 - Looke, flexibilização covid-19

O diretor Jan Komasa e o roteirista Mateusz Pacewicz mostram de forma quase didática as estranhas tóxicas da produção de fake news na internet para manchar imagens. E ir tragicamente além disso. A denúncia da atualíssima temática talvez tivesse saído mais afiada não fossem as manobras cômodas da história para motivar o protagonista por rancores pessoais. Realça o caráter ficcional da ‘caricatura complexa’ do personagem Tomasz [Maciej Musialowski] na atmosfera que pretende ser circunstancialmente realista. Sem inclinação para ser um estudo de personagem e sua moral movediça [ou sua amoralidade], sobra a potência da premissa enviesada na estrutura escolhida. Premissa essa tão enraizada no contexto atual que ao menos garante a força da sombria reflexão.

* * ½ Monteiro Júnior 07.08.20 - Netflix, flexibilização covid-19

No segundo filme da Trilogia do Silêncio, Bergman filma com rigor e beleza morta as angústias existenciais dos personagens, entrelaçadas às questões religiosas da semântica cristã. Emocionalmente um de seus filmes mais duros, amargo com a própria narrativa, na qual a luz do diretor de fotografia Sven Nykvist descortina o quão é possível estar-se só e desamparado dentro de si mesmo. O vigário atormentado por esse silêncio de Deus contamina todos ao seu redor, levando a alguns desenlaces trágicos. Que estranhamente não abalam o embotamento afetivo do protagonista – Gunnar Björnstrand foi o ator que mais trabalhou com o cineasta –, mas parecem levá-lo a uma consciência resiliente e egocêntrica da própria inércia. E a câmera acompanha esse fio desolador. Ingrid Thulin recitando a longa carta que a personagem escreveu e, sobretudo, a honestidade dilacerante do desabafo entre ela e Björnstrand são momentos impossíveis de sair ileso.

* * * * Monteiro Júnior 08.08.20 - YouTube, flexibilização covid-19

Há um exercício sóbrio de estilo por entre as camadas desse drama/suspense concebido por Ozon. O enredo verte sobre o próprio processo da escrita ficcional, numa pegada voyeurística que nos puxa para dentro da metanarrativa a entrelaçar realidade e fantasia na semântica do ambíguo narrador. Inspirada, sem compromissos, pela peça do espanhol Juan Mayorga, o cineasta segue os fios que o interessa, a construção/reconstrução das cenas a partir da depuração da escrita do jovem Claude [Ernst Umhauer] e como essa dialética passa por cima de dilemas morais em prol da imersão dos personagens de Fabrice Luchini e Kristin Scott Thomas na história contada em pequenos capítulos. E mesmo quando o jogo se inclina a ficar perigoso, não há mais como simplesmente interromper a ‘leitura’. Ozon se deslumbra com o didatismo rasteiro das fórmulas de ficção para comentar, com ironia, as banalidades cotidianas da classe média. Caso tivesse explorado a não-confiabilidade do narrador na organicidade do enredo, talvez arremetesse voo no final da pista – não o contrário. Mesmo assim, é um de seus filmes mais absorventes.

* * * Monteiro Júnior 09.08.20 - Prime Video, flexibilização covid-19

Os letreiros iniciais já avisam: esse ‘melodrama da velha escola’ é para aqueles que não se constrangem com arrepios ou risadas vilanescas. Das bem caricaturais, dadas pelo ‘especialista’ Todd Slaughter – o sobrenome não é à toa mesmo – na pele do afetadíssimo Chevalier Lucio del Gardoc. Terror britânico dirigido por George King que injeta característico humor sem cerimônia, brincando com os elementos e a atmosfera dos filmes de mistério, mas que peca no desenlace sem graça de tão óbvio. A peça do australiano Brooke Warren já fora adaptada outras três vezes antes e o roteirista A.R. Rawlinson participou dos roteiros das primeiras versões de ‘O Homem que Sabia Demais’|1934, do Hitchcock e ‘À Meia Luz’|1940. O charme da história passada na Paris de 1880 e as investigações em torno Le Loup, o lobisomem, resistem melhor do que o pastiche que a produção assume pelos terríveis diálogos expositivos, sobretudo no desfecho, e a risada que arrisca entregar o jogo na cara. Literalmente.

* * Monteiro Júnior 12.08.20 - YouTube, flexibilização covid-19

Celebrado suspense de ação sul-coreano cujos primeiros quarenta minutos são fantásticos, tanto na tensão quanto no humor. Depois, Kim Sung-Hoon aposta no jogo de gato e rato com uma direção que compensa qualquer manobra forçada do roteiro para subverter clichês e expectativas. Primeiro, já somos enganados pelo título, que veio da tradução estadunidense; fosse literal seria algo como ‘Vá até o fim’. E isso, honestamente, a produção faz. A história não se passa em 24 horas, mas em [pelo menos] dois dias. Entre uma curva dramática e uma sequência de ação, Sung-Hoon comenta, com ácida ironia, a cultura hierárquica do país em meio a um universo de policiais corruptos. Caso do protagonista [Lee Sun-kyun], que de tanto tentar contornar o próprio azar termina gerando carisma. Não se vê, a princípio, um apego realista, contanto que deixe o motor do enredo funcionando e o ritmo bem no limiar do aborrecimento divertidíssimo.

* * * Monteiro Júnior 13.08.20 - Netflix, flexibilização covid-19

Num olhar distraído, parece que Paul Dano, indo para detrás da câmera, está apenas interessado na atmosfera taciturna de uma família de classe média-baixa estadunidense em crise nos anos 1960, presa na falta de horizontes maiores. As delicadezas desse estranhamento, cheio de sensibilidade porém nada sutil, pipocam na maneira como escolhe nos colocar no lugar do filho que observa confuso a transformação dos pais no processo de distanciamento. Muitas vezes, Dano opta por manter o quadro no ótimo Ed Oxenbould, deixando as ações dos pais feitos por Jake Gyllenhaal e Carey Mulligan na sugestão das feições do garoto. Claramente dizendo ‘o mundo adulto é estranho, seja bem-vindo a ele’. O roteiro assinado por Dano e Zoe Kazan parte do livro de Richard Ford, publicado em 1990, para construir um ritmo que deixe os personagens serem os metrônomos, deixando cada um respirar a sua própria construção. Bela estreia de realizador, concorreu a Câmera de Ouro no Festival de Cannes.

* * * Monteiro Júnior 14.08.20 - HBO Go, flexibilização covid-19

Paul Leni, alemão, chega nos Estados Unidos e de cara comete um ‘comedy horror’ que virou precursor atmosférico dos filmes de mansões mal-assombradas. Isso antes de outra pérola em solo estrangeiro, ‘O Homem que Ri’|1928. Misturando técnicas expressionistas com humor absorvente, Leni dosa o mistério, baseado na peça de John Willard, com elementos que se consagraram como referências até o desgaste do uso contemporâneo. É isso mesmo o que você está pensando: grupo de pessoas que precisam passar a noite no local, leitura de testamento, governanta sinistra, passagens secretas, assassinatos, o ‘espírito’ do ex-dono provocando calafrios, cada um ali sendo potencial suspeito de estar por trás da coisa toda... O filão ‘old dark house’ popularizado entre os anos 1930 e 1950, principalmente pela Universal, costurando suas bases canônicas modernas aqui.

* * * ½ Monteiro Júnior 15.08.20 - YouTube, flexibilização covid-19

A premissa pode ser cool, nada excepcional, quando lida na sinopse, mas basta a genérica cena de abertura para a pulga começar a coçar atrás da orelha. Ainda há o agravante de apresentar Rodrigo Santoro como um vilão caricatural com ‘punchlines’ a proferir. O ‘spec script’ de Mattson Tomlin, que assina também o roteiro de ‘The Batman’|2021 junto com Matt Reeves, adquirido pela Netflix é um porre ocasionalmente divertido – tenta juntar o trio principal [Dominique Fishback, Jamie Foxx e Joseph Gordon-Levitt] por caminhos de atalhos indulgentes. E a direção da dupla Henry Joost e Ariel Schulman [‘Nerve – Um Jogo sem Regras’|2016], pautada por snorricams e dutch angles, só aumenta a indigestão de, passo a passo, conferir uma provável boa ideia ser descartada.

* * Monteiro Júnior 18.08.20 - Netflix, flexibilização covid-19

Exercício de câmera e atmosfera no qual um dos The Vicious Brothers, o canadense Colin Minihan, joga fora qualquer traço de plausibilidade para fazer o roteiro se movimentar. Melhor: rodar – melhor ainda: cambalear – em torno de si mesmo. De maneira forçada, superficial e irritante. Muito, muito irritante. A cara de horror indie e os 15 minutos iniciais podem enganar os desatentos, embora a falta de sutileza nos prenúncios já estejam dando um indicativo não muito promissor. Nada que prepare para a tortura abobalhada da hora seguinte, de personagens, motivações e beats que não se justificam ou pelo menos fazem sentido. Hannah Emily Anderson e Brittany Allen se esforçam, aquele esforço de produção B para algum canal de TV obscuro. Nem a insólita tentativa de soltar um agudo no último segundo consegue desfazer a terrível impressão até ali.

* ½ Monteiro Júnior 19.08.20 - Prime Video, flexibilização covid-19

O então casal Tony Curtis e Janet Leigh dividindo o ‘top billing’ nessa sex comedy sem sexo – só a vontade motivando o enredo turístico passado em Paris – dirigida por Blake Edwards. O roteiro de Stanley Shapiro até decola quando investe o humor nas informações desencontradas. Porém, as tiradas machistas, felizmente, envelheceram muito mal. Sobretudo as que [re]forçam o estereótipo da mulher ‘bela, recatada e do lar’. E limpa, veja só! A argentina Linda Cristal, o pivô ‘lascivo’ da história, recebeu um Globo de Ouro de Melhor Revelação Feminina.

* * ½ Monteiro Júnior 21.08.20 - YouTube, flexibilização covid-19]

Edward Norton retorna à direção 19 anos após 'Tenha Fé'|2000 levando o enredo-base do livro de Jonathan Lethem para a Nova York dos anos 1950. Dessa forma, ganha a possibilidade de experimentar uma atmosfera noir sem sisudez enquanto permite que os personagens guiem a história. Os beats que fazem o roteiro, também de Norton, avançar ignoram algumas indulgências para fluir perante a duração que muitos reclamaram. Por outro lado, as quase duas horas e meia evidenciam a paixão do realizador-ator pelo material, além de permitir que nos envolvamos com os personagens. De tal modo que até a síndrome de Tourette do protagonista, embora possa provocar algum humor, vai se naturalizando. E isso, aliado à postura do elenco, releva os pontos mais fracos da produção.

* * * Monteiro Júnior 22.08.20 - Looke, flexibilização covid-19

É tanto o último filme de Mizoguchi quanto o fechamento de sua Trilogia das Geishas. De uma empatia e um humanismo para com as personagens ao mesmo tempo que entende ser uma história essencialmente triste e ocasionalmente devastadora no seu determinismo, com raras concessões. Claro que o mais feminista dos cineastas japoneses usaria a figura da prostituta para pincelar a condição da mulher na sociedade, no caso o Japão pós-Segunda Guerra Mundial. Para além dos dramas familiares que se cruzam no bordel Terra dos Sonhos em meio à votação de uma lei antiprostituição e do olhar afetuoso sobre esse microuniverso, traz um plano final desses de consternar a alma.

* * * * Monteiro Júnior 23.08.20 - YouTube, flexibilização covid-19

Só uma realizadora genial como Varda para fazer uma contração da fronteira entre ficção e documentário de modo tão simples, pouco afetado e elaborando camadas cinemáticas. Tudo com naturalismo cênico e movido pelas temáticas que entrelaçam liberdade e identidade, o inexorável peso dos caminhos tomados e como as pistas deixadas nas percepções alheias por vezes não são capazes de dar o todo. Isso sem perder o fascínio do mistério que todo ser humano é. Mistério esse defendido aqui pela francesa Sandrine Bonnaire, que levou o César de Melhor Atriz [Meilleure Actrice] em 1986.

* * * ½ Monteiro Júnior 24.08.20 - Telecine Play, flexibilização covid-19

Último filme de Steve McQueen, que havia topado um comeback ao cinema após ‘Inferno na Torre’|1974. O roteiro, baseado no livro do verdadeiro Ralph ‘Papa’ Thompson [caçador de recompensas moderno], é uma tranqueira de arranhar a inteligência narrativa em prol da ‘action comedy’ com longos ‘set pieces’, entre perseguições de carros e metrôs, que adubam, para o bem ou para o mal, o caminho das franquias de ação vindouras. Do naipe de ‘Máquina Mortífera’, por exemplo. Tirando a esfera mitológica em torno da produção, que ainda promove o reencontro de McQueen com Eli Wallach duas décadas depois de ‘Sete Homens e um Destino’|1960, é aquele filme que diverte com seu cinismo se você não prestar atenção demais nele.

* * ½ Monteiro Júnior 25.08.20 - Prime Video, flexibilização covid-19

* * ½ Monteiro Júnior

O primeiro noir da 20th Century Fox com a melodia de ‘Over the Rainbow’, estourada em ‘O Mágico de Oz’ dois anos antes, tocando ao longo do filme. Curioso como a narrativa, dirigida por H. Bruce Humberstone, nunca se afasta de seus elementos óbvios quanto ao ‘whodunnit’, e mesmo assim mantém um absorvente nível de interesse. Mesmo que a própria motivação do verdadeiro assassino passe batida em contraponto com a obsessão de outro personagem. No elenco, as pin ups Betty Grable [também conhecida como ‘a garota das pernas de um milhão de dólares’] e Carole Landis e a caracterização flagrosa de Laird Cregar. Landis cometeu suicídio aos 29 anos, com participação em 59 filmes, 28 não creditados.

* * ½ Monteiro Júnior 28.08.20 - YouTube, flexibilização covid-19

O quarto filme de Claude Chabrol precisou ser redescoberto e passar por uma revisão anos depois do fracasso na estreia para que leitura da camada ‘machista’ da obra fosse, de certa forma, ressignificada. A liberdade e o romantismo femininos, aqui, são cruelmente quebrados por homens em todo o seu ‘esplendor’ animalesco, infantil, abjeto e repulsivo. Não bastassem as caracterizações dos personagens masculinos, as cenas entre Clotilde Joano e Mario David, perto do final, revelam imageticamente esse radical contraponto nos movimentos de câmera e deslocamentos de lente motivados por ela, por sua esperança romântica. Diante, sem perceber, de uma monstruosa misoginia. Também foi lançado aqui com o título ‘Mulheres Fáceis’, o que, se mal interpretado [reforça justamente o ponto de vista distorcido do homem], pode levar às velhas conclusões precipitadas e fundamentalmente moralistas.

* * * Monteiro Júnior 29.08.20 - Mubi, flexibilização covid-19]

Ingrid Bergman e seus homens. Jean Renoir exercita a farsa política com um roteiro pouco arejado estruturalmente, ainda que aqui e ali divertidíssimo. Em certos momentos de fato digno de uma ‘screwball comedy’ com muito apelo sexual. Mel Ferrer e Jean Marais se atropelam de libido por Bergman, mais sensual do que nunca aos 40 anos, em meio a um pitoresco complô antidemocrático na França do final do século XIX. Onde as coisas [estranhas?] caminham para uma notória sequência de beijaço coletivo.

* * ½ Monteiro Júnior 30.08.20 - Mubi, flexibilização covid-19

O italiano Roberto Andò brinca com o famoso roubo de ‘Natività com i Santi Lorenzo e Francesco d’Assisi’, pintura de Caravaggio, ocorrido em 1969 e nunca solucionado. O que começa bem, num elaborado plot alfinetando a relação da máfia com os bastidores do cinema, infelizmente ignora as próprias indulgências para manter as divertidas camadas metalinguísticas. Caminha, com curvas dramáticas mais para autopastiche, para um insatisfatório – diria mesmo frustrante e desencontrado, forçando reviravoltas nada plausíveis – ato final.

* * ½ Monteiro Júnior 31.08.20 - Looke, 8 ½ Festa do Cinema Italiano – edição online, flexibilização covid-19